Monday, October 22, 2007

o que estou ouvindo agora - UDORA

UDORA – GOODBYE ALÔ

Há que se registrar a jornada entre a despedida e o recomeço. Cinco anos em terra estrangeira com os instrumentos, os sonhos e a vida sob quatro rodas. Na bagagem, a vontade de experimentar outra língua, novas rimas e diferentes acordes. Um caminho de pedras e de conquistas. Mais de 150 shows pelos Estados Unidos dividindo a cena com artistas de peso e o disco Liberty Square que mesmo com ótima reação dos fãs e da crítica, refletia um desejo nem tão inconsciente.
Não mais que de repente, o Udora lançou-se em outro desafio: a volta para casa. Gustavo Drummond (voz e guitarra), Leonardo Marques (guitarra), Daniel Debarry (baixo) e PH (bateria) juntaram histórias e melodias desse rito de passagem em Goodbye Alô. Um autêntico álbum de rock gestado ao longo de um ano e meio. O vocalista e principal letrista da banda chegou a escrever 40 canções. A maioria delas foi musicada pelos companheiros e testada em apresentações. O público foi a primeira peneira desse processo.
Em estúdio, o quarteto trocou figurinhas com Henrique Portugal, co-produtor do trabalho. O tecladista do Skank, que revela as boas novas da cena musical brasileira em seu programa de web e rádio Frente, propôs um equilíbrio providencial para o Udora. Foram equalizadas na mesma freqüência a inspiração vigorosa das guitarras, baixo e cozinha com a voz cristalina de Gustavo Drummond. Ficou tudo na medida certa.
Goodbye Alô traz referências musicais das décadas de sessenta e oitenta, além de pegadas certeiras de folk e grunge. Os rapazes do Udora cresceram ouvindo Beatles, Police e Nirvana. “A falta (que me faz)” abre o CD com riffs bastante demarcados avisando: “eu sou quem sou, se isso não basta, ando contra o vento e prefiro arriscar”. Antes de recuperar o fôlego, “Por que não tentar de novo” é candidata ao primeiro hit do disco. A faixa, aliás, virou videoclipe e está em alta rotação nas emissoras de rádio, tevê e YouTube.
“Refém do Tempo” é uma daquelas músicas empolgantes que conquistam o status da constante repetição no player. Ideal para pegar estradas retas ou tortuosas repetindo o refrão (“guardo em segredo o que eu me lembro, até que um dia eu possa esquecer”). A dimensão do caminho percorrido até agora não está nas entrelinhas: “É tão difícil compreender que o fim leva ao começo, depois de você”. De sabor agridoce, a balada “Quero te ver bem” é sincera e desconcertante.
Na seqüência, “Não me Fere” e a mais agitada “Mil pedaços” não deixam dúvidas sobre a identidade rock and roll da banda criada em Belo Horizonte. Quando a poeira abaixa é a vez de contemplar “Pôr-do-sol”, outra reflexão sobre o passar dos anos num piscar de olhos. A trinca “Tão Perfeito”, “Meu Pior Inimigo” e “Velho Lugar” dá impressão de que talvez a jornada esteja documentada em parte. O Udora tem muito tempo pela frente como entrega na derradeira Goodbye Alô: “Alô, eu não vou mais embora, não vou embora pra tão longe e nem dizer goodbye”.

Por Ludmila Azevedo

FICHA TÉCNICA GOODBYE ALÔ
Produzido por Udora e Henrique Portugal
Produção executiva: Silvio Gomes
Gravado nos estúdios Máquina e Acústico (BH)
Mixagem NaCena Studios (SP)
Masterização: Sterling Sound (NY)